A EXCEPÇÃO E A REGRA
Uma peça de Bertolt Brecht. Encenação de Rui Quintas.
Estreia 17 Março 2017
Sextas e Sábados | 21h30
Reservas
910 093 886
Bilheteira
sexta e sábado, das 20h30 às 21h30
Bilhetes
Preço normal: 5€
Desconto grupos >10: 3€
Sobre o espectáculo
Brecht, o estranhamento, o cinema, a banda desenhada e a nossa proposta
Brecht foi um dramaturgo que acreditava que o teatro é um veículo para despertar consciências e provocar o debate. Ele procurou um teatro vivo, em constante comunicação com o espectador. Um teatro despido, onde tudo é assumidamente teatro, onde o fazer de conta é assumido, onde as personagens andam de mão dada com os actores e comunicam directamente com o espectador, questionando-o. Um teatro não contemplativo. Um teatro que procura fugir do quotidiano, para melhor o conseguir retratar.
O estranhamento é o método, o processo criativo e de montagem que o dramaturgo encontrou para pôr em prática o seu teatro revolucionário. O seu intuito era que o espectador não criasse empatia com as personagens, de modo a poder interpretar a peça enquanto esta decorria. Para tal, não se pretende criar grandes ilusões, tudo é feito às “claras”, as personagens são identificadas, a história é sabida desde o início, os artifícios teatrais, projectores, cabos, cenário, as roupas, a maquilhagem e todo o espaço envolvente não se encontram “escondidos”. As personagens falam directamente com espectador, questionam-se, funcionam como coro e entram e saem do corpo do actor frequentemente.
Por fim, a acção. A acção, tal como acontece no cinema, é fraccionada, obrigando mais uma vez o espectador a fazer parte do espectáculo, levando-o a articular a narrativa através da sua interpretação.
O cinema, era uma das paixões do autor e principalmente o cinema de Chaplin. É ao cinema e ao expressionismo que Brecht vai buscar uma das suas lentes, para trabalhar os seus textos.
A banda desenhada é a lente da nossa proposta. Actualmente, a BD já se juntou ao cinema, fundindo-se com este e desenvolvendo o “fantástico”, um género com cada vez mais adeptos.
A nossa proposta de trabalho tem a humilde pretensão de abordar este texto a partir de uma lente contemporânea, onde o teatro, o cinema e a BD se fundem numa sala de espectáculos. No final da nossa aventura, o espectador poderá ponderar se o melhor é seguirmos a regra ou a excepção.
E assim começa a nossa viagem...
Um comerciante rico, o seu guia e um carregador vão numa expedição de três dias até Urga, para que o comerciante consiga ser o primeiro a conseguir a concessão de um poço de petróleo. A viagem é longa e tortuosa, terminando com o despedimento do guia e com a morte do carregador.
Na segunda parte da peça assistimos ao julgamento do comerciante e à interessante questão: devemos seguir a regra ou a excepção?
Imagine esta aventura como se as personagens tivessem acabado de sair de um livro de BD.
Imagine esta aventura como se fosse um filme, mas, em teatro. Estranho?!
Pedimo – vos no entanto:
Estranhem o que não for estranho!
Não aceitem o que for normal!
Rui Quintas
O autor
Bertolt Brecht
Nasceu a 10 de Fevereiro de 1898, em Augsburg, na Baviera Alemã. Morreu a 14 de Agosto de 1956, em
Berlim Leste.
Foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do séc. XX. Estudou medicina e trabalhou como enfermeiro num hospital em Munique, durante a primeira guerra mundial.
Os seus trabalhos, tanto artísticos como teóricos, influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das suas apresentações com a sua companhia Berliner Ensemble, realizadas em Paris, durante os anos de 1954 e 1955. Recebeu o prémio Lenin da Paz, em 1954.
Nos anos 20, Brecht torna-se marxista. Vive o conturbado período da república de Weimar e desenvolve o seu Teatro Épico. A sua Praxis é uma síntese das experiências teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalismo russo, de Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia soviética entre os anos 1917-1926.
O seu trabalho como artista concentrou-se na crítica ao modo de desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.
Não é fácil falar sobre o conceito que Brecht tinha do teatro, apesar de, ao longo de 30 anos, ter escrito ensaios e comentários sobre este tema. Brecht era um pensador prático, que recriava as suas peças (ou experiências sociológicas, como preferia chamá-las), procurando o seu aperfeiçoamento permanente, pois era através delas que toda a sua teoria, crítica e pensamentos seriam expostos.
Revolucionou a teoria, a prática da dramaturgia e da encenação, mudou completamente a função e o sentido social do teatro, usando-o como arma de consciencialização e politização.
A obra de Brecht exprime em quase toda a sua totalidade uma revolta contra a arrogância dos detentores do poder e contra toda a disciplina cega. Tem a finalidade de alcançar a massa oprimida, para mostrar que o homem tem a capacidade, o direito e o dever de transformar o mundo em que vive. E que não basta lutar contra a retórica dos governos: o destino do homem deve ser sempre preparado por
ele mesmo.
Ao escrever as suas peças, Brecht imagina um espectador atento e não passivo perante a arte apresentada nos palcos, um espectador cujo papel não era apenas o de sentir emoções, mas entender-se como actor da própria realidade, com capacidade de criticar e mudar o mundo.
Era preciso usar meios imediatos para chegar às pessoas. Foi desta forma que Brecht, juntamente
com outros artistas da época, passou a levar as suas canções e poemas para as tabernas e até para
restaurantes de maior dimensão. Assim surgiu a Lehrstücke, as peças didáticas de
Brecht.
A Excepção e a Regra (Die Ausnahme und Die Regel), 1930/1938, insere-se nesta categoria. A função das peças didáticas era fazer com que os seus participantes fossem activos e reflexivos ao mesmo tempo. O princípio que subjaz a essas tentativas era a práctica colectiva da arte, que teria
também uma função instrutiva no que toca às ideias morais e políticas do autor.
Ficha Artística e Técnica
A Excepção e a Regra
De Bertolt Brecht
Encenação Rui Quintas
Assistente de Encenação Carla Carreiro Mendes
Interpretação Alexandre Antunes, Catarina Santana, Henrique Gomes, João Parreira, João Silva, Manuel Alpalhão, Rui Félix, Rui Martins e Vítor Nuno
Cenografia João Pimenta | Construção e Montagem António Santinho | Figurinos e Adereços Ana Pimpista |Música Gustavo Teixeira | Apoio Técnico Musical Rolando Amaral | Figurinos Ana Pimpista | Apoio aos Figurinos Oficina de Costura Criativa | Caracterização Sónia da Luz | Desenho de Luz Rui Quintas | Montagem João Oliveira Júnior | Operação Técnica Joana Gabriel e Maria Inês Santos | Design Gráfico João Pimenta | Produção Executiva Catarina Santana | Fotografia Cláudio Ferreira | Apoio Geral João Henrique Oliveira | Agradecimentos a Céu Madeiras.
Classificação M/12 anos.
Duração 60m.
A ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro é uma Associação Cultural residente no Teatro Municipal do Barreiro, apoiada pela CMB / T 910 093 886 / arteviva.geral@gmail.com /